Francisco de Assis nasceu em 26 de setembro de 1181, na cidade de Assis, Itália, com o nome de Giovanni di Pietro Bernardone. Era filho do comerciante italiano Pietro di Bernardone dei Moriconi e de Pica Bourlemont, e tinha origens francesas. A família fazia parte da rica burguesia de Assis, e tinha prestígio no nome e nas posses financeiras. Francisco era chamado pela família de “Francesco”, nome cuja origem não foi determinada ainda hoje.
Em Assis, o menino ficou conhecido como Francisco, ou seja, o “pequeno francês”. Quando jovem participava das atividades comuns aos homens de sua idade. Alistou-se, em 1202, como soldado na guerra de Assis contra a Peruggia. Foi capturado e passou cerca de um ano preso, à espera de ser resgatado.
Conta-se que, ainda jovem, ao adentrar um templo católico em ruínas teve uma visão de Jesus, que lhe disse: “Francisco, restaura minha casa decadente”. Tomando no sentido literal as palavras, iniciou um trabalho de reforma da pequena igreja, não assimilando, no momento, a transcendental mensagem do Cristo, a qual se referia ao estado lamentável em que se encontrava o Cristianismo (”minha casa”).
Viveu uma conversão brusca em sua juventude, passando de jovem mundano a uma vida religiosa de completa pobreza. Deixou de lado as regalias que sua condição familiar possibilitava para viver em cabanas. Sua vivacidade atraiu a outros adeptos e resultou, mais tarde, na Ordem dos Frades Menores, hoje conhecidos como Franciscanos.
Francisco, denominado de “Il Poverello” (“O Pobrezinho”), é biografado como homem simples e humilde, buscando o Cristo como modelo. Exemplificou os princípios cristãos ao longo de sua vida: preocupado com o seu semelhante e afastado da vaidade e do orgulho. Recusava posses,o que justifica o fato de que exonerou as ordens eclesiásticas e promoções sacras, nunca se tornando sacerdote.
Juntamente com seus “filhos”, Francisco renovou a vivência do catolicismo na época, conservando o hábito de viajar a pé pelas localidades, pregando e vivendo completamente das doações que recebiam. Para Francisco, o Evangelho deveria ser seguido à risca, com todo rigor, imitando a vida de Jesus. Enalteceu o dom da caridade, pregando o amor à Criação de Deus, à natureza, aos animais, e, sobretudo, ao ser humano, valorizando especialmente os mais pobres. Chamava a todas as criaturas de “irmãos” e se considerava a menor delas.
Algumas fontes mediúnicas fazem menção de o apóstolo João Evangelista, em pretérita reencarnação, ter sido Francisco. O evangelista esteve presente em todos os acontecimentos importantes relacionados ao Mestre, inclusive, no momento crucial da crucificação. A narrativa bíblica conta que, na última ceia, ficou assentado ao lado do Cristo, em posição privilegiada (em seus últimos momentos na carne, Francisco pediu para lerem os textos evangélicos correspondentes à Última Ceia).
João foi quem ficou ao lado de Maria após o desencarne de Jesus, o que explicaria a adoração de Francisco de Assis à mãe do Mestre. O Evangelista, ainda, participou ativamente do colégio apostólico, sendo o último a morrer. Escreveu cinco dos livros do Novo Testamento: o Quarto Evangelho, três epístolas e o Apocalipse.
Francisco de Assis, tendo sido João Evangelista, foi um dos excelsos benfeitores espirituais da Codificação sistematizada por Allan Kardec, e deixou-nos algumas mensagens bem profundas, como a publicada na Revista Espírita de dezembro de 1864 (Sessão Comemorativa na Sociedade de Paris):
“O amor é a lei do Espiritismo; ele dilata o coração e faz amar ativamente aqueles que desaparecem na vaga penumbra do túmulo. O Espiritismo não é um som vão, caído dos lábios mortais e que um sopro leva; é a lei forte e severa que proclamou Moisés no Monte Sinai, a lei que afirmaram os mártires ébrios de esperança, a lei que discutiram os filósofos inquietos, e que, enfim, os Espíritos vêm proclamar. Espíritas! O grande nome de Jesus deve flutuar, como uma bandeira, acima de vossos ensinamentos. Antes que fôsseis, o Salvador trazia a revelação em seu seio, e a sua palavra, prudentemente medida, indicou cada uma das etapas que percorrereis hoje. Os mistérios desabaram ao sopro profético que abala as vossas inteligências, como outrora as muralhas de Jericó”.
Na Revista Espírita de 1863, o apóstolo João enfatiza que “chegou a hora em que o Espiritismo deve rejuvenescer e vivificar a própria essência do Cristianismo”. Assim ele procedeu, quando vivenciou a personalidade firme e resoluta de Francisco de Assis.
Francisco de Assis, através da mediunidade de Chico Xavier, deixou a seguinte mensagem, em 17 de agosto de 1951, em Pedro Leopoldo (MG):
“O calvário do Mestre não se constituía tão-somente de secura e aspereza… Do monte pedregoso e triste jorravam fontes de água viva que dessedentaram a alma dos séculos. E as flores que desabrocharam no entendimento do ladrão e na angústia das mulheres de Jerusalém atravessaram o tempo, transformando-se em frutos abençoados de alegria no celeiro das nações.
“Colhe as rosas do caminho no espinheiro dos testemunhos… Entesoura as moedas invisíveis do amor no templo do coração!… Retempera o ânimo varonil, em contato com o rocio divino da gratidão e da bondade!… Entretanto, não te detenhas. Caminha!… É necessário ascender.
“Indispensável o roteiro da elevação, com o sacrifício pessoal por norma de todos os instantes. Lembra-te, Ele era sozinho! Sozinho anunciou e sozinho sofreu. Mas erguido, em plena solidão, no madeiro doloroso por devotamento à humanidade, converteu-se em Eterna Ressurreição.
“Não tomes outra diretriz senão a de sempre. Descer, auxiliando, para subir com a exaltação do Senhor. Dar tudo para receber com abundância. Nada pedir para nosso EU exclusivista, a fim de que possamos encontrar o glorioso NÓS da vida imortal. Ser a concórdia para a separação. Ser luz para as sombras, fraternidade para a destruição, ternura para o ódio, humildade para o orgulho, bênção para a maldição…
“Ama sempre. É pela graça do amor que o Mestre persiste conosco, mendigos dos milênios, derramando a claridade sublime do perdão celeste onde criamos o inferno do mal e do sofrimento.”
“Quando o silêncio se fizer mais pesado ao redor de teus passos, aguça os ouvidos e escuta. A voz Dele ressoará de novo na acústica de tua alma e as grandes palavras, que os séculos não apagaram, voltarão mais nítidas ao círculo de tua esperança, para que as tuas feridas se convertam em rosas e para que o teu cansaço se transubstancie em triunfo.
“O rebanho aflito e atormentado clama por refúgio e segurança. Que será da antiga Jerusalém humana sem o bordão providencial do pastor que espreita os movimentos do céu para a defesa do aprisco?
“É necessário que o lume da cruz se reacenda, que o clarão da verdade fulgure novamente, que os rumos da libertação decisiva sejam traçados. A inteligência sem amor é o gênio infernal que arrasta os povos de agora às correntes escuras e terrificantes do abismo. O cérebro sublimado não encontra socorro no coração embrutecido. A cultura transviada da época em que jornadeamos, relegada à aflição, ameaça todos os serviços da Boa Nova, em seus mais íntimos fundamentos. Pavorosas ruínas fumegarão, por certo, sobre os palácios faustosos da humana grandeza, carente de humildade, e o vento frio da desilusão soprará, de rijo, sobre os castelos mortos da dominação que, desvairada, se exibe, sem cogitar dos interesses imperecíveis e supremos do espírito.
“É imprescindível a ascensão. A luz verdadeira procede do mais alto e só aquele que se instala no plano superior, ainda mesmo coberto de chagas e roído de vermes, pode, com razão, aclarar a senda redentora que as gerações enganadas esqueceram.
“Refaze as energias exauridas e volta ao lar de nossa comunhão e de nossos pensamentos. O trabalhador fiel persevera na luta santificante até o fim. O farol do oceano irado é sempre uma estrela em solidão. Ilumina a estrada, buscando a lâmpada do Mestre que jamais nos faltou.
“Avança… Avancemos…
“Cristo em nós, conosco, por nós e em nosso favor, e o Cristianismo que precisamos reviver à frente das tempestades, de cujas trevas nascerá o esplendor do Terceiro Milênio.
“Certamente, o apostolado é tudo. A tarefa transcende o quadro de nossa compreensão.
“Não exijamos esclarecimentos. Procuremos servir. Cabe-nos apenas obedecer até que a glória Dele se entronize para sempre na alma flagelada do mundo.
“Segue, pois, o amargurado caminho da paixão pelo bem divino, confiando-te ao suor incessante pela vitória final.
“O Evangelho é o nosso Código Eterno. Jesus é o nosso Mestre Imperecível. Subamos, em companhia Dele, no trilho duro e áspero.
“Agora é ainda a noite que se rasga em trovões e sombras, amedrontando, vergastando, torturando, destruindo…
“Todavia, Cristo reina e amanhã contemplaremos o celeste despertar.”
Francisco de Assis desencarnou em 3 de outubro de 1226. Em 1979, o Papa João Paulo II proclamou-o Santo Patrono dos Ecologistas.
Fontes | www.uemmg.org.br
– TAVARES, Clóvis. Mediunidade dos Santos. Editora FEB;
– DE ÂNGELIS, Joana; FRANCO, Divaldo (psic.), Espístola ao Menestrel de Deus (4.7.2011);
– Site ‘O Consolador’ (acesso em set/2017);
– Site ‘InfoEscola’ (acesso em set/2017);
– Revista Espírita (dez/1864);
– Vídeo sobre a Biografia de Francisco de Assis, pela FEBtv
Foto: Wladimir Catanzaro